30/06/10

CONVERSA CON VALENTIM FAGIM (2)

(Segunda parte da nosa conversa có presidente da AGAL. Podes ler a primeira parte da entrevista premendo aqui)

CARVALHO CALERO

C: 2010 é o centenario do nacemento do primeiro Catedrático de Língua e Literatura galegas. Era este ó ano idóneo no que lle tiña que ser concedida á súa figura o Día das Letras Galegas?

F: Sem dúvida, sim.

C: E a que atribúes a negativa da Real Academia Galega?


F: Segundo Ferrín porque havia vinte pessoas mais para esse posto (risos). Nom sei se lestes umha entrevista que lhe fizérom em Tempos Novos, fizérom-lhe essa pergunta e ele comentava que como Carvalho Calero havia vinte mais. Segundo Ferrín é por isso, porque nom destaca bastante. Essa é a resposta oficial (risos).

C: E ti que pensas realmente por que é...

F: (risos) Nom, o que acontece é que é mui incómodo para eles. Ai tem que primar a valentia ou a covardia, e eu penso que primou a covardia. É dizer, 'como fazemos para dedicar um ano a umha pessoa que questiona o que nós defendemos?'. Mas a valentia precisamente é isso, ser capaz de dedicar um ano a essa pessoa, isso seria espetacular, falaria mui bem deles. Mas claro, isso nom todo o mundo é capaz de fazê-lo.

C: E que actividades estades a desenvolver vós para reivindicar a figura de Carvalho?


F: Entre vários coletivos criamos um site (carvalhocalero2010.net) onde estám os áudios, os videos, um par de entrevistas, um debate que saiu na TVG no ano 87 que é mui recomendável, um debate entre ele e Constantino Garcia que é espectacular. Tendes que vê-lo, porque ai vê-se realmente qual é a visom que cada um tem da lingua e até onde podemos chegar com cada umha dessas visons.




Na AGAL estamos fazendo um projeto com o site komunikando, de música em galego. Um concurso que se vai chamar 'musicar Carvalho Calero', e que se trata de que os grupos apanhem um poema de Carvalho, ou um áudio e o transformem num sampler e fagam umha música. O dia 30 de outubro, que é o aniversário do seu nascimento, daremos a conhecer os ganhadores. É umha forma de demostrar que Carvalho Calero era umha pessoa moderna na sua ideia do galego no mundo, entom fazer o mesmo com a música.

E temos também umha campanha surpresa, mas como é surpresa, nom podemos comentar mais...


O ENSINO DE PORTUGUÉS NA GALIZA

C: Esta pregunta case cha tiña que ter feito ó principio da conversa, pero bueno, velai vai:
'galego e portugués son a mesma lingua?'.

F: De um ponto de vista social se galego e português fossem a mesma língua, a AGAL nom teria sentido que existisse. E se galego e castelhano fossem línguas diferentes, as equipas de normalizaçom lingüística nom teriam nengum sentido. Entom, a AGAL e as equipas de normalizaçom lingüística existem porque na Galiza há um conflito: que a nossa língua está sendo substituída polo castelhano, isto é um facto, e está-se misturando cada vez mais com o castelhano.

Por isso, de um ponto de vista social, galego e português nom som a mesma língua, por isso existe a AGAL, e o galego é um dialeto social do castelhano, por isso existem as equipas de normalizaçom, e a Mesa, etc.

E nós pensamos que isso é mau. É dizer, o facto de que a identidade da nossa língua esteja em questom é mau. E o facto de que as variedades do Portugal, do Brasil e de Angola sejam estrangeiras para nós, nom lhe vejo nengum tipo de beneficio. Se alguem mo pode explicar... Eu levo vinte anos lendo sobre isto, e ainda nom atopei umha razom pola qual para um galego é bom que o português seja umha língua estrangeira, que os brasileiros falem umha língua estrangeira.

C: Como explicas que despois de 30 anos de autonomía sigamos sen ensino obrigatorio de portugués?

F: É mais, como explicas que numa palestra que fizem há pouco numa faculdade, para uns 100 rapazes de 20 - 25 anos, onde preguntei "quantos de vós tivestedes um professor ou professora que vos mostrasse que graças ao galego chegades ao português?", só onze pessoas levantassem a mao. Isso é patético. Ai há umha responsabilidade global, dos professores de galego mas também das pessoas que decidem os planos de estudo. Mesmo que defendam que som línguas diferentes, pois bem, que o defendam. Mas nom feches essa porta às pessoas.

Na Galiza temos umha vantagem competitiva, e parece como que se esconde. Ja nom é questom de que nom tenhamos ensino de português, que já é incrível, mas é que a geraçons e geraçons de estudantes nom se mostra que graças ao galego podem chegar ao português.

C: Eu nom me decatei realmente ata que me pasou o que comentei no blog, e que vós publicastes despois no PGL, cando fun primeiro a unha entrevista de traballo en Luxemburgo e logo quixen estudar portugués en Madrid. Entón pensei... manda carallo!! Está un banco español gastándose moreas de cartos para que os seus directivos estuden portugués, e a min dinme "tú no, que xa sabes de máis". I eu nunca estudara portugués!!

D: Enlazando unha cousa coa outra, ainda que defendas que son linguas diferentes, non peches a esa perspectiva. É o que se fai en Luxemburgo, para eles son línguas diferentes luxemburgués e alemán, pero estudan ambas.

C: Eu polo que falei con eles, os luxemburgueses teñen claro que son "a mesma lingua". Entre comillas porque cada unha ten a sua normativa e tal. Pero teñen unha visión do tema que moitas veces lle comento á xente cando falamos de reintegracionismo: tampouco pensemos, sobre todo os reintegracionistas, que aínda que ó final a xente se acabe concienciando de que temos un idioma de 300 millóns de falantes no mundo, sabendo iso digamos
"e ainda así, prefiro manter para o galego a norma oficial". Que é o que fan en Luxemburgo. Por iso a loita do reintegracionismo, penso eu, non debe estar nesta ou noutra norma, senón en abrir a xente á perspectiva internacional da nosa lingua.

F: Ai está.

C: En Luxemburgo son plenamente conscientes de que a súa língua é o alemán tras unha serie de alteracións históricas. Pero sendo un país independente reivindican ter a súa propia norma como para dicir "este é o noso idioma". Pero eso si, non teñen xornais en luxemburgués, porque non ten sentido. Ninguén vai financiar un medio que vai chegar a cen mil persoas, cando esas mesmas persoas xa son plenamente competentes en alemán. Alí a xente lé os xornais alemáns, simplemente.


Caralladas dando a brasa. Que o entrevistado é Fagim, contra!!
Fonte propia.


Entón aqui podemos chegar á conclusión de decir "reivindicamos que temos unha norma galega, distinta da portuguesa"; ou o contrario, que son a mesma, iso que o decida a sociedade. Pero o que non pode ser é que os galegos non coñezamos a norma portuguesa, que nos vai abrir moitas máis portas que o galego oficial.

F: Sim, é como dizedes vós. É dizer, apesar de que os nossos argumentos eu penso que som mui bons, mesmo assim é certo que há pessoas que nom querem, que dizem 'sim, o português é mui útil, mas eu quero umha língua só para os galegos'. A mim isso parece-me legítimo. Ora bem, imos buscar a forma de que os que nom temos esse esquema podamos estar cómodos. Eu nom vejo a necessidade de que desapareça o galego ILG, porque é certo que contenta umha parte da povoaçom galega.

D: Hai moreas de sistemas lingüísticos e gráficos no mundo onde para esas línguas se empregan paralelamente varios sistemas, e incluso varios alfabetos. Por exemplo o tártaro, as linguas túrquicas, os diferentes sistemas de escritura que teñen no chinés, no xaponés, etc. Non deberia haber problema en recoñecer por exemplo a normativa ILG como o 'galego popular', por exemplo.

F: Sim, eu penso que isso hoje em dia nom seria complicado de fazer. O tema é meter o português a um nível paralelo, para que tenha um reconhecimento oficial na Galiza. Isso é o mais complicado, mas fazendo isso, ganhávamos todos.


NOSQUEDAPORTUGAL

C: Como sabes, o meu blog -entre outros temas- trata un pouco de abrir os galegos ó universo lusófono, principalmente Portugal e Brasil. Entón sempre inclúo algunhas preguntas sobre Portugal e Brasil nas conversas, aínda que neste caso son máis acaídas que nunca.
Entón... qué significou Portugal na vida de Valentim Fagim?

F: Como a quase todos nós, o que nos chama a atençom de Portugal é que é um sítio onde a nossa língua é normal. É o facto de estar num café, e pedir "um copo de leite morno" e nom ter que escuitar "y morno qué es eso?". Ou os livros, o tema dos livros é fascinante. Vás a qualquer livraria à procura dum autor estrangeiro na tua língua e tés cinco, procuras na Galiza e nom há.

Portugal é Galiza com êxito. No fundo é isso.

C: E que referentes da cultura portuguesa nos podes aconsellar? En calquer campo, literatura, cinema...


F: Bom, eu certamente som mais pro-brasileiro. Portugal está ai ao lado e permite um trato humano, mas o que realmente me fascina é Brasil

C: Xusto Brasil ía ser a seguinte pregunta, así que podes dicir o mesmo pero do Brasil
.

F: Eu do Brasil recomendaria evidentemente a música. Recomendaria um site, cotonete, um site tipo spotify onde ti crias a tua própria radio. Vás alí e pos 'Os Mutantes', que é um dos grupos brasileiros de que mais gosto. Entom o site crea umha emissora onde saem músicas parecidas. Eu recomendo para descobrir a imensa riqueza da música brasileira.

C: Brasil é algo ó que hoxe temos aceso grazas ás novas tecnoloxías...


F: Um dos últimos sócios que fizemos para a AGAL chama-se Jesus e tem 24 anos. Com ele vás vendo como vai mudando o esquema, porque lhe pregunto que música escuita, e mete-me aí 20 grupos brasileiros que eu alguns deles nem os conheço. Se um rapaz de 24 anos já está ainda mas à última que eu, que já estou à 'super-última', diz tu caralho!!

Graças à internet, as fronteiras caem, e o mundo fai-se muito mais pequeno. E podes ter amigos alá sem os ter diante. Mas comunicas, isso é o realmente importante. Duas variantes som umha mesma língua se pode haver comunicaçom. O galego e o português vam ser a mesma língua quando os galegos comuniquemos com certo hábito com portugueses e com brasileiros.


ACTUALIDADE

C: Moi ben, pois chegamos á última parte, e esta si é a máis política de todas...


F: Mui bem! (risos)

C: Como ves a batalla contra a lingua do goberno actual?

F: As línguas ou som umha oportunidade, ou som umha ameaça. E para este governo, o galego é umha ameaça. Este governo vê o facto de termos duas línguas como algo negativo, nom como algo positivo. Eu penso que Fraga nom era muito diferente, mas Fraga era mais inteligente e dissimulava um pouco mais. Hoje dissimula-se menos, e mesmo o governo Feijoo sente que tem mais apoio social para isso.

Realmente é umha imensa lástima, porque é o que falávamos antes: a nossa vantagem competitiva, o único que nos fai diferentes, já nom dum tipo de Múrcia, mas dum tipo de Portugal ou da Holanda, é isso: que sabemos espanhol, e temos o português a umha distância mui pequena. O lógico seria que o governo reduzisse essa distáncia, mas nesse sentido nom fai absolutamente nada, e por cima vai tirando todos os avanços que havia. Estám tentando tornar o galego nalgo inútil. E o inútil deixa de existir.

C: E cres que o galego está mellor ou peor que hai trinta anos?

F: A resposta é a típica. Qualitativamente melhor, quantitativamente muito pior. O tema é se umha cousa compensa a outra. Hoje em dia de cada 100 nenos que nascem, pode andar por volta de 10 que som educados em galego. Isso é moi pouco. Vivemos numa pequena fantasia, há muitos velhos que falam galego, mas de aqui a quarenta anos esses que nascem agora som 10%, pode que menos inclusive, porque podem perdê-lo ao longo da sua vida.

Entom, com cifras assim, nom dá.

Agora bem, se essa comunidade galego-falante fosse coesa, e fosse poderosa, e com o tema do português poderia ser poderosa, entom ai haveria algum tipo de esperança.

Dito doutro jeito: se conseguimos um esquema onde ser bilíngue espanhol-português fosse umha vantagem social, entom temos hipóteses. Se aos galegofalantes começa a lhes ir bem por conhecer o português, e chega o dia em que ser monolíngue em espanhol seja visto como algo pobre, se conseguimos isso teremos avançado bastante. Mas hoje em dia é ao revés, hoje em dia ser bilíngue é um problema.

Temos que lhe dar volta a isso.

C: E que medidas podemos tomar, todos, non só os gobernos, mais a pé de rúa, para revitalizar o galego?

F: Essa pregunta é super ampla. Pensando nos galegofalantes, eu o que lhes comentaria é tentade criar redes sociais que nos reforcem e nos apoiemos uns aos outros. Redes sociais de todo o tipo: lúdicas, profissionais, etc. Por exemplo, sei que a Mesa está a trabalhar num projeto duma lista de empresas que usam o galego. Eu por exemplo vivo em Santiago, e corto o cabelo cada mês e meio. Há umha moreia de sitios onde cortar o cabelo, mas eu sei que há um que tem todo em galego, chama-se Anil e entom eu vou a essa gente. Isso é rede social. Essa gente fica-me um pouco longe, a quinze minutos de aqui, e tenho outros sítios onde ir a dous minutos, mas tenhem todo em castelhano.

Temos que reforzar-nos uns aos outros, é quase como o movimento gai ou os judeus. Reforçar-se, criar lobby. Vistedes 'Milk', umha película dum activista gai que tem um dia umha ideia: vai a todas as tendas de um bairro de Sam Francisco e pregunta "nesta tenda ides tratar bem os gais?", e fai umha lista com os responde afirmativamente, e umha outra cos que nom. E vai onde os gais e di-lhes "esta é a lista boa". Em 5 anos as tendas que nom tratam bem os gais vam fechando, e as que sim, sobem.

Com o galego temos que fazer igual. O facto de que umha empresa queira usar o galego hoje tem um certo risco. A gente nom quer arriscar, ou nom quer aparecer como nacionalista. Entom a comunidade galegofalante temos que apoiar isso. E a forma de apoiar é saber que empresas e autónomos usam o galego em cada cidade. É algo super simples de fazer e é super poderoso.

GalegoLab. Fonte: galegolab.org


E aqui meto unha cuña publicitaria: graças a idea de Valentim Fagim propuxen en GalegoLab a idea 'selo de calidade GalegoLab', para ir elaborando unha lista de comercios e empresas que utilicen o galego con normalidade. Empresas ou comercios que destacan polo seu uso habitual da língua, creándose un 'selo de calidade GalegoLab' que se colocaría á entrada dos establecementos correspondentes como recoñecemento á súa colaboración, cos obxectivos de potenciar o uso do galego a nivel empresarial e comercial; que os que defendemos o galego teñamos un 'selo de garantía' recoñecido por todos dos comercios e empresas que usan o galego con normalidade, de xeito que poidamos discriminar positivamente aqueles que o fan; para os comercios sería un xeito de potenciar positivamente a súa imaxe entre os consumidores; e a visualización do selo á entrada do comercio facilitaría ao usuario o recoñecemento de xeito inmediato.

Se vos gusta a idea, dádevos de alta en GalegoLab e colaborade cós nosos proxectos.


--------------


E ata aqui chegou a nosa conversa con Valentim. Nin sequera houbo unha despedida formal da nosa conversa porque, apagada a gravadora, continuamos a desfrutar da nosa charla e do chá ó que nos convidou.

Moitas grazas Valentim, e serva esta conversa como ponte para todos os que defendemos a nosa língua, "seja na norma que sexa".

8 comentários:

  1. Despois de ler as dúas partes desta entrevista e de mirar o vídeo da TVG, tiro varias conclusións:

    1) Este vídeo é moi recomendable para todos os galegos (sobretodo os derradeiros dous minutos, nos que concordo con todo o que din os tres participantes). Demostra que o galego é o que nos fai diferentes e ao mesmo tempo universais, e tamén que as actitudes máis retrógradas contra o noso non son algo novo, nin sequer debidas á procura pola vía legal da normalidade do idioma, levan asentadas moitas décadas baixo o mesmo discurso simplificador.

    2) Galiza ten que declarar o portugués a súa lingua oficial, a carón do galego e do castelán, e integrarse na CPLP.

    3) Con independencia de que norma ortográfica sexa empregada no futuro polas institucións e polo establishment literario, a nosa lingua pódese escribir de diversas maneiras, é un feito. Poden coexistir unha versión escrita de galego popular ou simplificado e unha versión standard internacional.

    ResponderEliminar
  2. Superafavor de criar esa rede social da que fala Fagim. Penso que o feito da lingua e do numero de falantes estar en declive vai axudar a criala, porque cada vez somos unha comunidade mais pequena na nosa terra e por tanto, podemos dicir que nos imos conhecer todos.

    Acho que esa e a situacion existente en lugares como Gales ou Irlanda onde si existe unha verdadeira conciencia linguistica de falar gales ou gaelico. Mais temos que implicar tamen a moitos galegofalantes que pasan destes temas.

    ResponderEliminar
  3. Achei moi interesante a iniciativa esa de 'musicar Carvalho Calero', que, ademais, debeu dar en primicia aqui, porque non encontro mais informacion na internet que a desta páxina! :)

    ResponderEliminar
  4. Coido que dixo que o van anunciar o 25 de xullo, magnummare. Mais non estou seguro.

    ResponderEliminar
  5. Esta entrevista com o Valentim Fagim é o texto mais lúcido e mais estimulante que li, desde há uns bons anos, sobre o galego e a situação linguística na Galiza.

    Parabéns e força!

    ResponderEliminar
  6. Isto sim que é boa filosofia no favor da lingua !

    ResponderEliminar
  7. Uma impresom sobre video: Olho para a cara de Carvalho en 14m31 depois de ouvir as explicaçons de D Constantino que fornece desde 10m41. Poderia-se divagar-se sobre quem leva razom como se vem fazendo desde o ano da entrevista por diante, até hoje. Mas como aponta Valentim o que é realmente construtivo seria nom fazê-lo, em lugar de dividir-se haverà que buscar a maneira de unir-se no comum entre as duas visons. A discussom filogica nom nos pode avançar nenhures do que antes nom se chegue pola via da utilidade.

    ResponderEliminar